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ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS

WEBINÁRIOS DE 2021:

Webinário sobre Attílio Correa Lima – Professora Marlice Azevedo – 27/08/2021
ACESSO DIGITAL: https://youtu.be/dQTPZ-02YTg
Webinário sobre a Morfologia da Cidade – Alberto Costa Lopes – 10/09/2021
ACESSO DIGITAL: https://youtu.be/xkDYwlckbmg
Webinário sobre o papel da CSN na formação de uma cultura – Roberto Pimenta e Sérgio Fernandez – 24/09/2021
ACESSO DIGITAL: https://youtu.be/DMq4wClgxv
Webinário sobre Volta Redonda e a construção social da cidade – Claudia Virgínia Cabral e Marlene Fernandes
ACESSO DIGITAL: https://youtu.be/tkkCscn5NU

ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS DE 2022, DENTRO DO PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA “PESQUISADORES DA MEMÓRIA: VOLTA REDONDA EM PESQUISA, ANÁLISE E PROJEÇÃO”. ANO EM QUE SE PRETENDEU ABRIR A PLATAFORMA PARA VOZES DIVERSIFICADAS QUE, SOMADAS E ARTICULADAS, CONSTITUEM FOTOGRAFIAS POTENTES SOBRE A CIDADE.

  1. DEPOIMENTO DE DAMIANA SILVA BASTOS DE ALMEIDA

CV:http://lattes.cnpq.br/5276613431474812
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Taubaté (2002) e Pós-Graduação em Geografia, Cidade e Arquitetura – Civilização América pela Escola da Cidade (2010) e, em Docência e Gestão do Ensino Superior pelo UGB (2018). Atualmente é sócia e gerente de projetos na BAA Arquitetura e Uso do Solo, acumulando experiência em projetos de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo para o setor público, e Planejamento Urbano, com ênfase em Projetos de Intervenção Urbana e Projeto da Edificação. Desde 2012, atua principalmente em projetos vinculados aos seguintes temas: projetos urbanos e da paisagem, patrimônio histórico-cultural e ambiental, mobilidade urbana, equipamentos de apoio ao turismo, arquitetura institucional e educacional. É docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB nas disciplinas de Projeto Arquitetônico, Projeto de Revitalização do Espaço Arquitetônico e Urbano e Trabalho de Conclusão de Curso. (Texto informado pela autora)

Damiana Bastos
Foto concedida pela entrevistada

ENCONTRO MARCADO COM DAMIANA SILVA BASTOS DE ALMEIDA – Dia 24/06/2022
Relata-se aqui o encontro marcado, ocorrido em 24 de junho de 2022, com as pesquisadora arquiteta urbanista e professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB Damiana Bastos. A ideia foi recebê-la para conversar um pouco sobre as pesquisas de mestrado que está percorrendo, iniciando o processo de dissertação.
Damiana faz mestrado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no programa PGGPACS, que tem a cultura como foco.
Apresentou leitura de texto, contextualizando o seu objeto de pesquisa centrado em Volta Redonda, como cidade planejada, patrimônio cultural, e os desafios dessa cidade para o século XXI.
Nos reporta que a dissertação surge provocada por uma fala ouvida numa das disciplinas do curso de arquitetura, “volta redonda uma cidade sem alma”, com uma população que se constituiria, na verdade, como uma tripulação. Essa fala a provocou, principalmente porque sendo de Volta Redonda, tinha uma relação de pertencimento com o lugar, especialmente com a Vila Santa Cecília.
Relatou entender Volta Redonda com uma cidade recente, moderna, e que tem dificuldades de pensar como e o que pretende proteger. A pressão e demandas contemporâneas urgentes, de certa maneira, desconsideram essa cidade moderna como patrimônio. Relatou a importância do curso de mestrado para entender melhor as várias visões do patrimônio cultural e apontou a visão de François Choay aquela selecionada por ela como suporte teórico. A que relaciona com o passado uma visão presente, com perspectivas para pensar o futuro. Como pensar, por exemplo, como a CSN, a grande centralidade da cidade, poderia ser dispensada como patrimônio cultural, pois se ainda tão associada com a própria identidade de Volta Redonda.
Alguns questionamentos de Damiana permeiam o envolvimento com a noção de Memória. Falou sobre a percepção da memória relatadas por várias gerações, portanto as várias memórias da cidade. O que se entende como permanência e transitoriedade anotada nesses vários segmentos geracionais, entende-se a partir da memória identitária da cidade.
Damiana anota que a principal identidade de Volta Redonda na memória coletiva é essa identidade de cidade planejada, diferenciada, projetada no Vale do Paraíba. A perspectiva é que o trabalho de dissertação possa contribuir nessa abordagem contemporânea de Volta Redonda, principalmente para o resgate de tantos projetos importantes que se colocaram aqui ao longo da vida urbana de Volta Redonda. Não só o projeto do Atílio Correa Lima, mas o projeto de Burle Marx, o projeto de Lúcio Costa projeto de urbanistas importantes como Jorge Wilheim, que passaram por aqui e deixaram a sua contribuição.
Falou dos principais objetivos de sua pesquisa. O primeiro deles é tentar contribuir para identificação e preservação do patrimônio cultural de Volta Redonda; o segundo seria analisar a degradação e o abandono do patrimônio material abandonado que hoje está nas mãos da CSN, organizando uma listagem principalmente na área urbana principal, a Vila Santa Cecília. Entende que isso advém da responsabilidade como pesquisadora, como arquiteta, como professora universitária e como herdeira de uma geração pioneira da cidade, que fez acontecer tanta coisa importante. Damiana é filha dos Arquitetos e Urbanistas Paulo Gustavo Bastos e Celeste Bastos, arquitetos atuantes da cidade.
Uma contribuição importante da Damiana Bastos foi a fala sobre a noção de cultura, que ela traduziu como uma teia de significados importantes. Citou a disciplina que ela ministrou com a professora Andrea Auad, PREAU – Projeto de Revitalização Arquitetônica e Urbanística como uma contribuição para que ela abrisse muito os seus horizontes. Argumentou ter hoje uma visão de patrimônio bem mais alargada, pensado, inclusive sobre o ponto de vista do patrimônio natural. Um caminho já apontado é a seleção espacial da vila Santa Cecília, mas há dúvida sobre pensar a própria fazenda Santa Cecília buscando unir as duas dimensões patrimoniais, a arquitetônica e a natural.
Na ocasião do depoimento, os alunos pesquisadores e a própria orientadora Andréa Auad fizeram alguns apontamentos: a ideia de Damiana de analisar os imóveis abandonados parece bastante interessante, bastante diferenciada, principalmente se análise ficar circunscrita na qualidade do uso dos imóveis, tendo em vista estarem subutilizados ou não utilizados, podendo ser motivadores de instrumentos urbanísticos específicos. Alguns dos alunos pesquisadores situam a importância da ideia de misturar a ideia da história e da filosofia e de reiterar a função social do espaço.
Damiana salienta, nesse sentido, a importância de ter se envolvido no mestrado com disciplinas da área de humanas, principalmente a história e a filosofia, que a fizeram entender melhor o projeto para o Brasil durante o Estado Novo e o sentido recente de nação brasileira, após os anos 30. Todos os estudos oportunizaram refletir se seria mesmo Volta Redonda uma “cidade sem alma”. Provocamos pensar no debate se ao invés da Cidade não seria hoje a CSN uma empresa sem alma aportada no território objeto de estudo de nossa pesquisa.
(Resenha do depoimento: Andréa Auad Moreira)

2. DEPOIMENTO DE RENATA FORTINI DE LIMA

Imagem concedida pela entrevistada



CV: http://lattes.cnpq.br/5513741194499914
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Geraldo di Biase (2008) e especialização em Gestão Ambiental pela UNIFOA (2012), especialização em Docência do Ensino Superior pelo UGB e, atualmente, faz curso de especialização em Building Information Modeling (BIM) pela PUC-MG. Atualmente é professora de Arquitetura no Centro Universitário Geraldo de Biasi e profissional autônoma atuando na elaboração, implantação e execução de projetos arquitetônicos. (Texto informado pela autora)

ENCONTRO MARCADO COM RENATA FORTINI – Dia 24/06/2022
Relata-se aqui o encontro marcado, ocorrido em 24 de junho de 2022, com as pesquisadora arquiteta urbanista e professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB Renata Fortini Lima. A ideia foi recebê-la para conversar um pouco sobre as pesquisas de mestrado que está percorrendo, iniciando o processo de dissertação.
Renata relatou que sua pesquisa trata da reintegração urbana e ambiental de Volta Redonda por meio de alternativas sustentáveis. A pesquisa e a dissertação centram atenção no objeto Rio Paraíba do Sul e nas relações urbanísticas e ambientais relacionadas ao mesmo. Renata remete a origem desse interesse aos anos de 2007- 2008 quando participou da pesquisa sobre o Rio Paraíba do Sul com a professora Andréa Auad, no Programa de Iniciação Científica.  A pesquisa tinha como objetivo registrar a situação urbanística e ambiental do Rio naquele momento em quatro cidades importantes do vale – Resende, Barra Mansa, Volta Redonda e Barra do Piraí. Essa pesquisa foi muito importante para todo o grupo que esteve envolvido e principalmente para a professora Andréa que produziu anos depois a Tese de Doutorado sobre o tema.
Renata nos relatou ter feito o curso de pós-graduação em gestão ambiental na UNIFOA, o que deu a ela propriedade para falar de assuntos ligados ao ambiente. Como professora participou de um projeto de Iniciação Científica com a professora Andréa coorientando o projeto sobre Parques Fluviais Urbanos. Falou sobre o mestrado em Tecnologias Sustentáveis na UFF, um mestrado multidisciplinar que tem vários profissionais envolvidos e que ela seria, nesse ano, a única arquiteta da turma.
O projeto de Dissertação tem como objetivos identificar a relação de Volta Redonda, da sua população com o Rio Paraíba do Sul; mapear o estado atual Urbano ambiental social e ético dessa relação. Tem como suporte teórico aspectos também ancorados na Filosofia, ligados a noção do “bem viver”, apontado pelo orientador Ozanan Carrara, princípio entendido como fundamental para pensar qualidade para o homem, para a natureza, para a sociedade de uma maneira geral.
Renata tem estudado sobre o Rio e a história de Volta Redonda, como ela começa a se entender com esse rio, desde os primeiros desbravadores que chamam atenção para a “volta que o rio faz”. Essa cidade sempre envolvida com o rio, como Porto fluvial, a dinâmica relação dos dois lados da cidade, a margem esquerda e a margem direita e em todos os momentos da história urbana de Volta Redonda essa estrutura é muito presente, inclusive quando da implantação da Usina.
A CSN é motivo de preocupação também da dissertação. Toda a relação dela com a cidade no passado, no processo de privatização, hoje e amanhã, principalmente no que se refere ao uso das águas, ao uso do ambiente. Como Volta Redonda conversa a com a ideia da Cidade industrial, que tem domínio sobre seus trabalhadores. Volta Redonda hoje tem perspectivas muito diferentes na sua constituição como cidade futura?
No que se refere diretamente a pesquisa, Renata centra atenção no projeto do Atílio Correia Lima como suporte técnico, como suporte de controle social, como suporte para relacionar-se com as questões ambientais naquele momento, 1939 a 1945, e tenta analisar como é que o Attílio, ao desenhar Volta Redonda relaciona várias escalas, várias dimensões para esse lugar tão diferenciado. Analisa especificamente sobre o Rio, o que o projeto revela sobre os dois lados do Rio, as suas contradições, o lado que ele escolhe para o projeto e o lado que ele não consegue controlar. O planejamento e o tempo de ocupação que acontece de maneira mais contundente no pós-projeto.
Tenta pensar sobre que tecnologias ambientais dariam conta disso hoje, do que resultou dos anos de ocupação humana sobre esse território e sobre o ambiente natural. Preocupa a realização da CSN que não ajuda nos diálogos, trocas, desafios. Andréa Auad pondera: É preciso que a cidade e seus gestores se prepararem para esse diálogo com a companhia siderúrgica nacional.
É assunto também nos estudos da Renata as décadas de 1980 e 1990, quando se tem um movimento operário forte marcando o fim da ditadura e o processo e o longo e questionável processo de privatização da CSN.  Ao final da explanação da Renata alguns alunos e a própria professora Andréa Auad fizeram apontamentos. Volta Redonda hoje tem muitos outros desafios, tem um renascer necessário dessas novas gerações que se alinham por aqui, que amadurecem e tem leituras diferenciadas sobre a cidade e suas questões urbanas e ambientais.
Renata ressalta que o Curso de Arquitetura e Urbanismo sempre foi muito presente nessa discussão, tendo a disciplina Projeto de Extensão à Comunidade – PEC falando nessas relações urbanísticas com o Rio Paraíba do Sul. Nesse primeiro período de 2022, em que PEC foi ministrada por ela, os alunos chegaram a conclusões importantes. Uma delas é que em Volta Redonda tenta-se artificializar o ambiente ainda hoje e não se sabe direito qual é a real contribuição das águas do Rio Paraíba do Sul, nem mesmo sobre sua contribuição como elemento paisagístico de caráter estruturante da cidade. Ao perguntar sobre a infraestrutura urbana, os alunos espalhados por vários bairros da cidade, próximos ao Rio, revelaram que a maior parte dos pesquisados entende que a água vem do SAAE e que os esgotos vão também para SAAE. Isso revela o quanto é preciso continuar a pesquisar, informar, intervir.
(Resenha do depoimento: Andréa Auad Moreira)

3. DEPOIMENTO DE ALEXANDRE CAMPOS INÁCIO DA FONSECA

IMAGEM CEDIDA PELO ENTREVISTADO

Técnico em eletrônica, cursando psicologia na UFF.
Coordena a página VR abandonada (Instagram Facebook YouTube). @vr­_abandonada

ENCONTRO MARCADO COM ALEXANDRE CAMPOS INÁCIO DA FONSECA – 27/05/2022
No encontro, Alexandre falou sobre a cidade de Volta Redonda, que é o foco da página VR ABANDONADA e principalmente sobre a relação da cidade com a própria CSN, a quem ele relaciona o abandono da questão operária e urbana.
Relatou que iniciou o seu interesse por esse tema a partir dos passeios no ônibus TARIFA ZERO, em que ele começou a passear pelos bairros e ver uma série de inúmeras placas de VENDE-SE e ALUGA-SE. Ele tenta pensar o porquê desse abandono e relaciona esse abandono também aos ícones centrais, tais como o escritório central, o Cine 9 de Abril, o Recreio dos Trabalhadores.
Ele se encontrou com parceiro Lucas Macedo e começou a fazer uma produção de textos e, embora eles tenham pensado inicialmente atrair muitos parceiros, acabaram por monopolizar a produção de textos, recebendo muitas contribuições de fotos e vídeos e a oportunidade de fazer também LIVES, relacionando a história da cidade com a CSN e refletindo sobre o abandono da Memória Operária.
Alexandre cita algumas pessoas fundamentais que os auxiliam nessa reflexão, tais como o autor Leonardo Ângelo que centra atenção na pesquisa acadêmica sobre as décadas de 40 a 80 e o Bruno do CEMESF da UFF que participou da Comissão da Verdade em Volta Redonda. Destacou a importância CEMESF da UFF, relacionando a questão da sociedade operária. Salientou que a página recebe dezenas de mensagens por dia e já é considerada uma mídia alternativa, uma fonte de informação e de discussão sobre as notícias de todos os tempos, são considerados uma mídia jornalística de abordagem política.
Há algumas preocupações da página, como por exemplo a relação do operariado, que era o centro de atenções da cidade num determinado momento, e a passagem desse centro de atenção para a imagem da cidade atrelada ao Rio Paraíba do Sul, uma visão dos “governos Neto”, segundo Alexandre, que questiona um pouco isso por perceber uma tentativa de apagamento dessa memória operária.
Os organizadores da página têm preocupação também com a segurança jurídica, têm muitos parceiros advogados e sabem que causam incômodo empresarial, relacionado a algumas figuras importantes dentro da CSN. Alexandre relata terem sido procurados por conta desse incômodo ele cita os nomes de Alexandre Campos, assessor de imprensa da empresa e o de Luiz Paulo Barreto que foi, inclusive, ex-ministro do presidente Lula.
Alexandre se preocupa também sobre como conscientizar a população desse abandono da cidade percebido. Eles têm pautas urbanísticas importantes, fotos e vídeos contundentes, notícias dos espaços abandonados que normalmente são atrelados à CSN.  
A ideia da privatização se relaciona muito com uma pergunta norteadora da própria página: privatizaram a usina ou a própria cidade? A página pretende dar voz a essa forma de violência acometida aos valores simbólicos, pois percebe isso fisicamente há mais de 20 anos.
Perguntado por nós se a página tem conseguido dar um pouco de voz aos que defendem essa ideia, Alexandre cita uma série de coisas que considera colaborar com isso: 1. fala da vulnerabilidade ligada ao simbólico que por meio discurso ideológico filosófico; 2. também a questão da desapropriação desses imóveis da CSN, relacionando a função social da propriedade não exercida por esses imóveis abandonados; 3. a questão dos detratores da página, tendo em vista que a página vai ganhando discussões acaloradas.
Percebe-se que dialogar é o desejo dos idealizadores da página, mas com relação ao diálogo que se poderia travar com a CSN há um temor porque, percebe Alexandre que a CSN só quer falar, ela não quer ouvir e isso é uma coisa que a página não se dispõe. Questionamos se ouvir de frente não seria necessário. Se seria importante que a CSN tivesse essa escuta, se ela fosse levada a escutar? Alexandre disse que teme que eles se utilizem disso no encontro entre a VR abandonada e a própria gestão da CSN:
“Avaliamos, no momento em que fomos chamados a conversar com a CSN, não ser o momento, e propusemos uma audiência pública todos devem saber o ponto de vista da empresa”.
E ainda pontua:
“O público que frequenta as redes sociais do VR ABANDONADA não é necessariamente só o jovem, ele flutua entre 35 a 70 anos. O Instagram já tem 12.320 seguidores e as principais lutas travadas pela página são a urbanística, a infraestrutura, a ambiental e a questão do uso do território pela empresa. Há um “embaralhamento”, entendido assim por Alexandre, entre o patrimônio material da CSN com uma carga simbólica importantíssima para a Cidade. A VR abandonada se vale desse patrimônio para questionar politicamente a empresa.”
Perguntado sobre como que a VR abandonada se relaciona com a prefeitura, Alexandre diz existirem muitos caminhos já trilhados.
“Os vereadores são agentes de muito diálogo com a VR abandonada, mas não é possível fazer quase nada com esse governo que está no poder, segundo Alexandre. Não há muito interesse municipal nesse enfrentamento. A gente tem contato com o centro de memória porque o centro de memória tem documentos raríssimos e a prefeitura não tem uma política pública nesse sentido. As consequências disso tentam ser mostradas pela página, de não ter essa coerência e essa política pública.
Muito importante a entrevista com Alexandre, justamente porque ele nos passa uma série de pontos de vista ligados aos agentes não acadêmicos que estão de certa maneira provocando um diálogo sobre a memória urbana, um viés ligado à sociedade ligado a política e ligado à memória operária.
(Resenha do depoimento: Andréa Auad Moreira)

4. DEPOIMENTO DO ARQUITETO RONALDO ALVES

Foto: Andréa Auad

Ronaldo Alves tem como instituições de vínculo a ETPC, a CSN e a UNB, onde cursou a universidade a partir de 1963 e teve como professores Oscar Niemeyer; Athos Bulcão; Edgar Greaf; Jaime Lerner; Lelé; Ítalo Campofiorito; Miguel Pereira; Fernando Burmeister; Alfredo Cesquiatti; Amélia Toledo, formando-se em Arquitetura e urbanismo em 1969. Ronaldo iniciou sua via profissional em Fortaleza onde deixou marcas de referência tais como o Pavilhão de Recreação do Instituto de Educação de Fortaleza, o Plano de Urbanização da Orla do Pirambú, Ginásio do Instituto de Educação de Juazeiro do Norte. Realiza trabalhos em vários lugares do Brasil, inclusive em Roraima, com o Parque Turístico Ambiental de Iracema. A relação de Ronaldo com a história e a memória Urbana de Volta Redonda se inicia no seu retorno a cidade nos anos 1970. Participa do Grupo CSN onde produz muitas obras, instalações, projetos industriais pela Companhia Brasileira de Projetos Industriais – COBRAPI, inclusive a sede da empresa na Cicuta onde mais tarde veio a funcionar a UBM e a UTILITY em presa de Call Center da TIM e fez muitos projetos residenciais relevantes nos bairros Niterói, Laranjal, Jardim Amália, dentre outros.

ENCONTRO MARCADO COM RONALDO ALVES – 02 de Setembro de 2022
Em seu depoimento, acompanhado por uma apresentação digital, que deixou como contribuição para o arquivo da Plataforma Memória Viva VR, Ronaldo falou longamente sobre a relação dele com Volta Redonda, o passado, o presente e o futuro. 
Produz, a partir de 1975, um caminho de aproximação com a Prefeitura de Volta Redonda tomando o contato com o desenvolvimento do Plano Diretor, PEDI, de autoria do Escritório do arquiteto Harry Cole.  Tal Plano ao ser encaminhado para apreciação e aprovação da Câmara, mereceu a análise de uma Comissão especial composta dos senhores Ítalo Granato pela ACIAP VR, Jonas de Carvalho pela CDL, Luiz Carlos de Almeida pelo Sindicato dos Engenheiros e Ronaldo Alves representando a CSN.
Tal Comissão se dedicou a analisar profundamente o trabalho proposto, sugerindo e fazendo algumas alterações fundamentais ao Plano, buscando atender melhor os parâmetros urbanos da cidade.
Entretanto, por iniciativa e proposição de Ronaldo Alves, foi incluída uma emenda que criou o Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Volta Redonda – IPPU VR, órgão inspirado no Homônimo de Curitiba, o IPPUC, criado pelo seu ex professor na UNB, arquiteto Jaime Lerner, à época Prefeito de Curitiba e que deu todas as diretrizes para criar io IPPU VR.
Dessa forma, a Câmara aprovou integralmente as emendas propostas pela Comissão, gerando o primeiro Plano Diretor de Volta Redonda, o PEDI VR, que o então Prefeito Nelson Gonçalves sancionou para entrar em vigor em 01/02/1977, quando assumiria a Prefeitura o primeiro Prefeito nomeado da cidade, então Área de Segurança Nacional.
O novo Prefeito nomeou Ronaldo Alves como Assessor de Planejamento e Presidente do IPPU VR, tendo como missão a de criar efetivamente o Órgão. Foi então montada a primeira equipe de planejadores da Cidade, orientados por Ronaldo Alves e monitorando a aplicação do PEDI VR, familiarizando a equipe com as Leis de Controle do Uso de Solo e dando início a elaboração de Planos Urbanísticos para a cidade, com destaque para o Plano de ocupação da Ilha São João, conquistada pela Prefeitura junto ao Governo do Estado. Ronaldo exerceu a função de Presidente do IPPU e Secretário de Planejamento Urbano em dois mandatos: de 1977 a 1979 e de !982 a 1986.
Nesses períodos formou uma equipe de técnicos em planejamento Urbano, que o auxiliaram na estruturação do Instituto, onde sobressaíram Paulo Gustavo Pereira Bastos, o PG, Lincoln Botelho da Cunha, José Roberto Gomes, Leda Maria Verdolin Certo, Augusto Esteves, Maurício Neiva de Oliveira, José Roberto Pimenta da Cruz, Themis Vieira,isso só para falar dos primeiros.
Do ponto de vista do arquiteto, atualmente, falta o estabelecimento de prioridades na cidade em que ainda vigoram leis muito antigas, ainda relacionadas ao plano de 1977 tais como Lei de Zoneamento, Lei de Parcelamento de Terras, Código de Obras, dentre outros diplomas legais. O novo Plano Diretor de 2008 não complementou esse trabalho porque não propôs as novas leis específicas de Parcelamento e Uso e Ocupação do Solo.
Ao falar do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Volta Redonda, o IPPU VR, Ronaldo se coloca como sujeito que arregimenta o projeto original do Instituto e que se sente um pouco injustiçado por não ter essa autoria reconhecida e revelada a contento. Faz muitas críticas aos sucessivos governos municipais, relacionadas a permissão do esgarçamento da cidade, a falta de planejamento e a influência de agentes imobiliários, eximindo os técnicos do IPPU de responsabilidade sobre isso, pois reconhece não depender deles o exercício de propor e implantas soluções. Cita, nesse sentido, como muito importante os vários instrumentos urbanísticos disponibilizados pelo Estatuto da Cidade que ainda não puderam ser usados plenamente em Volta Redonda.
Quanto ao IPPU traça ainda uma linha do tempo relacionada ao Instituto e reflete:
“A ideia sempre foi pensar a cidade de forma permanente e integrada e em 1977, desde sua criação até 2017 não houve esperança de que se pensar a cidade em permanência pudesse acontecer. Hoje há uma expectativa muito pequena relacionada ao IPPU, tendo em vista a mudança completa de destinação e atribuições do instituto”
E complementa:
“Em 1977 desenvolve-se o projeto do trevo e viaduto com a Dutra; em 1982, no governo do Prefeito Benevenuto, a gente implementa uma série de atribuições do Instituto; em 1985 ele tem um papel preponderante, é incrementado com a chegada de Augusto, Mayone e José Silva. Há muitas ideias em croquis de projetos, em estudos preliminares que ficaram arquivadas no IPPU. Não se sabe se esse acervo ainda continua sendo mantido Mas ele é muito importante porque conta a história de uma tentativa de planejar a cidade, de projetá-la para o futuro e ter o controle sobre a política Urbana em permanente sintonia com a evolução do u4rbanismo.”
Ronaldo Alves avaliou, entretanto, terem sido feitas ao longo dos anos que se sucederam ao PEDI e a própria instalação de IPPU, adaptações pouco pertinentes no plano que vigorou por tantos anos. Decretos sobre decretos que incidem sobre toda a cidade de forma não planejada. Dá importante destaque para a coordenação dos planos e projetos que sucederam ao PEDI, tais como o trevo na Dutra da Rodovia dos Trabalhadores, as pontes do Barreira Cravo para atravessar a Ilha São João, a ocupação da Ilha São João com o Pavilhão de Eventos e Exposições, todos projetos do IPPU.
Segundo avalia arquiteto, a partir dos anos 2000, com as mudanças estruturantes no Instituto, os projetos são cada vez mais desconectados das políticas públicas de desenvolvimento urbano, as equipes são alijadas do processo de planejamento e hoje as atribuições não tem quase nada a ver com a sua ideia original. Muito menos a importância do acervo técnico conquistado.
Perguntado sobre as expectativas de trabalhos futuros para a cidade, Ronaldo Alves afirma que continuará lutando para implementar suas ideias,  articulando projetos ainda como estudos e trabalhando em busca de poder intervir na legislação urbanística específica, hoje ainda em estudos na Câmara de Vereadores.
(Resenha do depoimento: Andréa Auad Moreira)

5. DEPOIMENTO DE RENATA GUIMARÃES SALEH

Moradora da cidade de Volta Redonda, Renata fez Arquitetura e Urbanismo na UFF e se dedicou a falar de Volta Redonda no seu Trabalho de Conclusão de Curso. O Edifício do Escritório Central da CSN foi o objeto da pesquisa de Renata, os trabalhos foram e podem ser disponibilizados a qualquer momento e em qualquer formato na Plataforma Digital Memória Viva VR.O interesse de Renata é contribuir com a produção acadêmica vídeos palestras e ela também se disponibiliza para o convite de palestrar e discutir as suas ideias com os alunos do UGB.

Foto: Andréa Auad

ENCONTRO MARCADO COM RENATA GUIMARÃES SALEH 16/09/2022. ROTEIRO, REGISTROS FOTOGRÁFICOS, ANOTAÇÕES E SISTEMATIZAÇÕES esteve por conta do pesquisador Guilherme Hott

Em 16 de setembro de 2018 colhemos o depoimento de Renata Saleh que foi mediado pelos alunos Guilherme Hott e Mariane Russoni. As principais fontes de pesquisa da arquiteta e urbanista Renata Saleh para a realização de seu Trabalho de Curso em Arquitetura e Urbanismo da UFF foram o MEP (Movimento Ética na Política), o site Volta Redonda Abandonada e o Terras de Volta (projeto que tenta trazer de volta as terras o município de Volta Redonda incorporadas pela CSN quando da sua privatização).
A arquiteta disse que teve interesse sempre de fazer no seu TCC algo relacionado à Volta Redonda, sua importância, seus problemas. O trabalho de curso foi realizado durante o período de pandemia e teve como trabalho de referência Alkindar Costa, Hélio Modesto, Valdir Bedê, William Gomez e Andrea Auad.
Citou desapropriações históricas que poderiam ser feitas pelo interesse coletivo de terras vazias ou subutilizadas sem função social. Terras que hoje estão incorporadas pela CSN e não cumprem sua função social. Uma preocupação grande com os erros do processo de privatização que perduram até hoje, mantendo as terras em nome da companhia siderúrgica, um montante expressivo de terras vazias subutilizadas. Não só terras, mas também todo um patrimônio imobiliário edificado sem cumprimento da função social, uma concentração fundiária em Volta Redonda nas mãos da CSN que contraria todos os interesses públicos da cidade. Renata argumenta não terem tanta identificação com a cidade os seus filhos mais jovens por presenciarem o forte desemprego e a insegurança social e econômica que acomete a cidade hoje.
A entrevista foi bastante elucidativa, principalmente porque relatou sobre o trabalho de curso que se referenciou em uma simulação da Planta do Escritório Central produzida pelos professores e alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB. O pedido de empréstimo desse trabalho foi autorizado à época da realização do TCC e a sua utilização realizada de forma muito inteligente e competente por Renata, produzindo para o edifício estratégias de ocupação muito interessantes, tendo como base o trabalho desenvolvido na Disciplina Projeto de Revitalização Arquitetônica e Urbanística – PREAU.

(Resenha da entrevista realizada por Andréa Auad)

6. DEPOIMENTO DE RAPHAEL LIMA

Foto: Andréa Auad

Raphael Jonathas da Costa Lima. Graduação em Ciências Sociais, UFRJ, Mestrado em Sociologia e Antropologia, UFRJ, Doutorado em Sociologia e Antropologia, UFRJ.
ENDEREÇO E SÍNTESE DO CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7375738037025795

ENCONTRO MARCADO COM RAPHAEL LIMA – 23 de Setembro de 2022 – Depoimento/ Raphael Lima. Roteiro, Registros Fotográficos, Anotações e Sistematizações sob a responsabilidade da Aluna Pesquisadora Alexia Araújo.
Em 23 de setembro de 2022 recebemos o depoimento de Rafael Lima. Professor da Universidade Federal Fluminense – UFF, Rafael é cientista Social formado pela UFRJ e tem a sua formação atrelada ao professor José Ricardo Ramalho do IFICS, que desenvolve pesquisa sobre as questões industriais.
Em 2003 Rafael nos conta ter tido o primeiro contato com a região Sul Fluminense, com Resende mas diretamente, pois a pesquisa junto ao seu orientador se direcionava ao polo automotivo de Resende. Rafael fez mestrado em sociologia e antropologia, estudando a guerra fiscal que viabilizaria o polo automotivo no Sul Fluminense. Estudou o Mercovale, mas Porto Real e as montadoras foi a base da sua dissertação de mestrado que tem defesa em 2005.
Em 2006, em visita a CSN e ao MEP realiza estudos mais específicos. O interesse era pensar a CSN pós-privatização no período de 2006 a 2009. Em 2009 realiza o concurso público para professor docente assistente da UFF em 2010 2011 se muda para Volta Redonda onde estabelece pesquisa prioritária com os movimentos sociais, sindicatos, igrejas, MEP. O processo de privatização seria o seu tema de pesquisa e análise no doutoramento. Rafael observa que os movimentos sociais perdem aderência, perdem força a partir dos anos 1990 e é sempre muito importante estudar esse contexto.
Os documentos que julga importante compartilhar versam sobre plantas, fotos, arquivos. Cita ter sido difícil conseguir organizar as fontes que o embasaram. Recentemente ingressa no Centro de Memória da UFF onde há reprodução de documentos da CSN e outros importantes acervos. Muitos depoimentos públicos. Todo o material de pesquisa da sua dissertação e tese se encontra também cedido ao CEMUFF.
Rafael se coloca totalmente disponível para participar de palestras, de workshops, de depoimentos junto ao trabalho de pesquisa do UGB. Deseja falar da cidade que o acolheu. Como fontes de pesquisa ele instrui o IPPU, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, o PEDI, e o plano de 2018 de Volta Redonda. Há também a Unicamp e a Cúria Diocesana, os seus movimentos sociais e registros importantes. Cita os arquivos pessoais de Alkindar da Costa, dos membros do Movimento Sindical (Lopes, Eduardo) e a pesquisa de Leonardo Ângelo, além dos periódicos Diário do Vale Jornal Aqui, Foco Regional e a própria CSN.
Para Rafael Volta Redonda é uma cidade “controlada”. A visão do sindicalismo dos anos 1980 não pode ser a única visão e é bom que se firme e se pesquise e se revisite as múltiplas visões da cidade. A ideia de cidade controlada requer estudos específicos e um posicionamento político atrelado a construção da cidade também oligárquico, desde sempre, uma cidade conservadora em sua raiz.
Salienta a lógica de centralidade estabelecida por Volta Redonda com sua periferia mais próxima que atribui inclusive as cidades no seu entorno – Pinheiral e Barra Mansa. Fala também da tentativa de contrapor indústria versus serviços, que se coloca no tempo mais recente, quando se pensam as relações de o futuro para Volta Redonda.
Reflete conosco sobre a ideia de Volta Redonda como uma histórica “company town” e nos faz perceber como a CSN ainda controla, domina a cidade que ela fez surgir. Os vereadores temem o enfrentamento sobre as terras/ imóveis de concentração fundiária da CSN. A empresa usa apenas os espaços que lhe convém.
“Para CSN hoje Volta Redonda é apenas parte da holding. Para a cidade a CSN é ainda a vida.”
Dentro dos trabalhos de pesquisa estudados por ele, destaca o da Regina Morel, que compara Volta Redonda a Manchester na Revolução Industrial da Inglaterra. Volta Redonda como a um signo da revolução industrial brasileira, na segunda revolução industrial.
Reflete também sobre o papel da CSN, o papel original de formar pessoas, conformar espaços. A CSN como uma “instituição total”, chamada assim pela ciência política que promove a “docilização” do trabalhador como método, o paternalismo e a ideia de fiscalização da fixação no território. O modelo Company Town é um modelo de dominação, reflete Rafael, não é só de uma estrutura física mas também de uma estrutura social e cultural.

(Resenha da entrevista: Andréa Auad)

7. DEPOIMENTO DE ANDRÉA AUAD MOREIRA

IMAGEM CONCEDIDA PELA PESQUISADORA

Doutora em Urbanismo pelo PROURBUFRJ (2014), Mestre em Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002), possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal Fluminense (1989). É profissional autônoma, atuando na elaboração e implantação de Planos e Projetos de Arquitetura e Urbanismo, arquiteta urbanista da Prefeitura Municipal de Porto Real. Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB) em Volta Redonda (2003-em andamento), atuou também na IES como coordenadora de curso em nível de pós-graduação do Centro Universitário Geraldo di Biase (2014-2016), e Apoio à Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo (2015-2022).

ENCONTRO MARCADO COM ANDRÉA AUAD MOREIRA – 09/09/2022

Na primeira semana de novembro coletou-se o depoimento da Arquiteta Urbanista e professora Andréa Auad Moreira cujo ROTEIRO, REGISTROS FOTOGRÁFICOS, ANOTAÇÕES E SISTEMATIZAÇÕES ficaram por conta dos pesquisadores Marianne e Guilherme. A entrevista com Andrea Auad aconteceu no dia 09 de setembro de 2022 e sua transcrição/síntese acontecerá a partir das impressões de ambos.

Andrea falou, sobretudo, da estruturação da sua história profissional como arquiteta humanista, pesquisadora e professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB. Andréa Auad tem, como contribuição para Volta Redonda, a dissertação de mestrado que instrui sobre a história Urbana de Barra Mansa e sua relação com cidade que nasce dele, Volta Redonda, e sua Tese de doutorado que disserta e discute a construção e a identidade urbanas em quatro cidades do Vale do Paraíba Resende/Mansa Volta Redonda e Barra do Piraí, relacionando essa estruturação ao Rio Paraíba do Sul.

A Arquiteta e Urbanista argumentou sobre como chegou aos resultados importantes não só para a formação de arquitetos e urbanistas, mas também para historiadores e memorialistas sobre do Vale do Paraíba Fluminense, reunidos em parte agora na Plataforma Digital MEMÓRIA VIVA VR, que tem os trabalhos orientados por ela e pelo professor Lincoln Botelho da Cunha.

contato: auadandrea@hotmail.com

LINKS IMPORTANTES:

https://drive.google.com/drive/folders/1tG6cF0RBmpvr3OTc1VI6jbFfBTqUxOXL?usp=share_link

8. DEPOIMENTO DE WILIAM GOMEZ

Mestre em Urbanismo pelo PROURB- UFRJ, Rio de Janeiro-RJ, 2010; Lato Sensu em Especialista em Buildindg Information Modeller -BIM , Pontifícia Universidade Católica – PUC Minas, EAD, 2021, Lato Sensu em Arquitetura Ambiental pela Universidade Gama Filho-UGF, Rio de Janeiro -RJ, 2009, Especialização em Engenharia de Avaliações, Pontifícia Universidade Católica – PUC – RIO, Rio de Janeiro -RJ,2010, Graduação em Arquitetura e Urbanismo , Universidade Geraldo Di Biase, Volta Redonda – RJ, 2004. Arquiteto e Urbanista proprietário da Wiliam Gomez Arquitetura de Resultados desde 2009 , tatuando na elaboração de projetos de arquitetura, gerenciamento de obras e avaliações patrimoniais para empresas, bancos ( CEF, BB) e particulares. Professor Universitário no Curso de Arquitetura e Engenharia Civil na Centro Universitário Geraldo Di Biase, desde 2012.ENDEREÇO E SÍNTESE DO CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2444957588998134

WILIAM GOMEZ E OS PESQUISADORES DA MEMÓRIA. 2022.

ENCONTRO MARCADO COM WILIAM FERNANDO GOMEZ – 30/09/2022
William contextualizou seu histórico de envolvimento com Volta Redonda como morador e também como estudante de Arquitetura e Urbanismo do UGB. A ideia inicial de sua pesquisa de mestrado era dar continuidade a pesquisa de Alberto Costa Lopes, falando da cidade pós-privatização, partindo de onde Alberto finaliza o seu trabalho de mestrado. Há um histórico de relação CSN cidade que não é possível desatrelar. William salienta entender Volta Redonda sob o domínio da CSN, uma cidade “sem alma” até a privatização da CSN. Para Wiliam, a cidade começa a criar uma “alma” uma força autônoma a ser desatrelada da própria empresa com o fortalecimento dos grupos sociais.
Chama atenção para duas datas muito importantes: a emancipação da cidade, em 1954, e a privatização da usina, em 1992, com problemas de método, uma privatização bastante questionável. Há questões de conflitos e contradições desde esse tempo, o escritório central, os vazios urbanos o patrimônio subutilizado, o descaso com a usina pelos administradores marcam esse momento de 1992 até aqui.
William diz não ter nenhum limite para divulgação do seu trabalho que de certa maneira tem como âncora a ideia da família siderúrgica. Diz como indispensável para seu desenvolvimento a tese de doutoramento da Regina Morel e mais recentemente ele percebe questões importantes anotadas pelo pesquisador Rafael Lima. As questões da formação social do espaço, a construção dessa gente moradora de Volta Redonda e a uma lista enorme de atores sociais que ele se dispõe a enviar para a pesquisa MEMÓRIA VIVA VR.
O pesquisador concorda com a ideia de atrelar Volta Redonda e o projeto do urbanista Atílio Correia Lima ao projeto da Citté industriale de Tony Garnier, contida na tese de Alberto Costa Lopes, mas também percebe muitas influências de Ebenezer Howard e a sua cidade Jardim.
As perspectivas de futuro estão, para o William, atreladas a uma cidade que vai aos poucos assumindo o protagonismo da prestação de serviços no Vale do Paraíba. Percebe que a cidade está se transformando, novas relações urbanas estão se colocando. Há também, concomitante, um sentido de des-territorialização da indústria o que deve ser um alerta para todos os que pensam Volta Redonda: “a CSN hoje está em nosso território, mas poderá, daqui a um pouco mais, não necessitar mais dele, não necessitar mais estar aqui.”
Para William

Volta Redonda é uma cidade hoje liderada por uma população não tão jovem, uma cidade que poderia ser denominada “cidade de aposentados”, uma cidade que lhe parece limitada, sem especializações, pois que prima por salários muito baixos, o que afasta profissionais e que fazem muito poucos de seus filhos retornarem para esse território ao se formarem fora daqui.”

A entrevista com William Gomez, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB, foi muito importante para reiterar a ideia e a noção do professor pesquisador, do professor que vai ao encontro de um conhecimento para além do conhecimento puramente técnico ao qual está atrelado na vida profissional ou em sala de aula.

(Resenha da entrevista realizada por Andréa Auad)

9. DEPOIMENTO DE LEONARDO ANGELO

Doutor em História pela UFRRJ, com estágio de doutorado-sanduíche na Duke University, nos Estados Unidos e com o doutorado sanduiche financiado com recursos do Programa PDSE/Capes. Industrialização, urbanização, formação político-partidário e suas relações com a classe trabalhadora da região Sul Fluminense do Estado do Rio de Janeiro são temáticas de seu trabalho. Atualmente pesquisa sobre raça-cor, o pós-abolição, bem como a imbricação destas questões com a formação da classe trabalhadora. Desde a sua fundação participa do Laboratório de Estudos de História dos Mundos do Trabalho (LEHMT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Grupo de História Global do Trabalho (HGT) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), também participa, desde 2018, do Grupo de Estudos dos Mundos do Trabalho e Pós-Abolição (GEMTRAPA-UFRRJ) e faz parte da Rede de HistoriadorXs NegrXs. Atualmente é bolsista FAPERJ (TCT5), na Universidade Federal Fluminense, campus Volta Redonda.

LEONARDO ANGELO E OS PESQUISADORES DA MEMÓRIA VIVA VR

ENCONTRO MARCADO COM LEONARDO ÂNGELO DA SILVA – 07 DE OUTUBRO DE 2022

A entrevista foi organizada e conduzida por Alexia Araújo. O pesquisador disse ter sempre o interesse por estudar Volta Redonda e por anos tateava procurando e descobrindo caminhos, caminhando. Interessou-se sempre na faculdade pela história oral e focou interesse em buscar moradores e operários negros para falar da construção da cidade. Para Leonardo, entrevista é rede, você vai ter sendo descobrindo as pessoas:
Só me dei conta ao final que eram muitos negros e denunciavam o racismo, as segregações de classe e raça eram temas do discurso desses operários. Havia encontrado, anteriormente, um discurso de desenvolvimento, a ideia de construir o “bem comum”, como um aparato assistencialista, o que nublava as questões de classe e principalmente as questões raciais.
Como referências fundamentais, cita a obra de Regina Morel, uma referência para todos os pesquisadores de Volta Redonda. A obra fundamental para o desenvolvimento da dissertação foi a de Ângela de Castro Gomes, o trabalhismo e o populismo, que versa sobre o trabalhador como agente da transformação e construção de um ideal de democracia, que pontua a visão de um trabalhismo paternalista como força fundamental para pensar essa sociedade do trabalho. O trabalhismo como cultura que influencia o modo de vivente, a CLT como a Bíblia dos trabalhadores uma apropriação importante pós-vagas, especialmente para o Movimento Sindical.
Leonardo salientou que é possível contribuir com a plataforma de várias maneiras. Há uma rede de historiadores negros que intencionam posicionar a relação étnica e social, étnico-racial, para falar da história. O laboratório do mundo do trabalho, importante pesquisa que ele está atrelado e sobre a qual é possível fazer palestras, depoimentos orais, apresentação de teses, lançamento de livros. Só acredita contribuir coletivamente.
As questões étnico-raciais atravessam o trabalho de Leonardo. Sobre elas, ele faz vários apontamentos. Falamos sobre a visão da representação dos negros em todos os espaços visitados e também dos brancos. O racismo “estrutural”, entre parênteses deve ser assim nomeado, a primeira dissertação que fala da questão racial sobre Volta Redonda de 2012 sobre corpos negros no Palmares gênero e raça. É preciso refletir e distinguir quem produz e o que produz.
Para Leonardo, há uma “romantização” do espectro de construção do termo genérico “trabalhadores” no Sul Fluminense: sem raça, sem gênero, apenas trabalhadores, que se quer invisibilizados. É possível apontar, por exemplo, como os “trabalhadores” rurais tinham um ritual de passagem muito diferente dos trabalhadores de origem urbana. Tinham um tratamento de verminoses, de regularizações de registros, signos do “batismo” nesse lugar Urbano Volta Redonda.
Leonardo diz ter sido aluno de Valdir Bedê e Edgar Bedê que muito influenciaram na sua construção profissional. Chama atenção para os partidos que instruem o posicionamento político em Volta Redonda: primeiro o PTB de Vargas depois o PSD de Sávio e depois o PDT de Juarez. Nesse jogo ele inclui também o PCB que em 1946 traduzia algumas pautas nesse lugar e anota o nome de Alcides Sapenza.
Uma outra consideração de Leonardo diz respeito à tríade trabalhador – eleitor – morador, que permeia as articulações de todas as dimensões e que, em 1954, ano da emancipação de Volta Redonda, foi amplamente utilizada com o objetivo comum de fazer desse sujeito uma única persona.
Destaca a emancipação que ocorre em 1954, capitaneada por Sávio Gama. Posições políticas com influência da CSN se sucederam, ao longo de muitos anos. Casos emblemáticos das articulações, métodos, práticas, tecnologias dessas articulações. Sávio Gama, figura contraditória, capitania a construção de um corpo político para Volta Redonda.
A construção do corpo social na emancipação, a partir de demandas e classificações e dados cartoriais, é, na opinião de Leonardo, um “chá de revelação” da raça em Volta Redonda. Aonde estão os negros na materialidade da cidade?, pergunta o pesquisador. Nas centralidades, na Vila, nas adjacências, “os brancos compram as casas os negros entregam as casas quando a CSN resolve vendê-las”. Há uma atitude discriminatória, desde esse tempo. Por volta do final da década de 1960 e início das décadas de 1970 muitas casas foram disponibilizadas para compra e outras não. Há uma pesquisa grande a ser feita sobre essa discricionariedade da empresa.}
A retórica do discurso é ainda muito branca, segundo Leonardo Ângelo. Os negros da CSN tem acesso à educação e chegam a cargos de poder, isso é incomum no Vale do Paraíba. Volta Redonda se destaca, em certa medida, por ter uma certa horizontalidade, nesse sentido, mas há que se fazer um recorte de classe e um recorte de raça nessa afirmação.
O Brasil, país multicultural, não é um país multirracial. O negro que acendia em Volta Redonda se via então como branco. O clube dos Palmares surge porque os clubes expulsam os negros a partir de 1964 e o Palmares é e deverá ser motivador de muitas pesquisas específicas. Ali um corpo social eminentemente negro se reúne tem acento constrói a identidade negra em Volta Redonda.”
Leonardo chama atenção para a primeira foto ligada à educação, distribuída nos espaços de memória de Volta Redonda. Trata do colégio Barão de Mauá, em 1942, ainda na pré-fundação da usina. Percebem-se turmas multi racializadas e é possível ver uma mistura importante social e racial. Já em 1946 o programa de divulgação das ações da CSN mostra duas crianças brancas tomando posse da imagem das escolas públicas instaladas. Chama atenção, principalmente, para o fato de que ainda não se questiona sobre quem escreve, quem é escreveu, quem poderá escrever, de uma maneira mais abrangente a memória operária, Urbana, afetiva de Volta Redonda.

(Resenha da entrevista realizada por Andréa Auad)

10. DEPOIMENTO DE LEANDRO PACHECO DE MENDONÇA

LEANDRO E OS PESQUISADORES DA MEMÓRIA

Pesquisador Audiovisual. Graduado em Cinema – Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). Sob orientação de Silvio Tendler, desenvolveu seu trabalho de conclusão sobre cinema experimental, com especial destaque para a obra de Stan Brakhage (Trilogia de Pittsburg). Desde 2014, desenvolve pesquisa artística sobre o cotidiano das e dos trabalhadores de Volta Redonda.

ENCONTRO MARCADO COM LEANDRO PACHECO DE MENDONÇA – 28 DE OUTUBRO DE 2022.
Na presente data realizou-se o depoimento do Cineasta e Artista Visual, cuja organização do relato ficou a cargo da aluna pesquisadora Alexia Araújo.
Leandro foi convidado como Ator Social importante pelos seus trabalhos como cineasta e também como artista visual. O depoimento contou com várias questões levantadas por Leandro sobre a sua dissertação de mestrado, em construção, e sobre a sua atuação como intelectual e artista na cidade de Volta Redonda.
Leandro é de Volta Redonda, cursou cinema na PUC RJ, fazendo hoje mestrado em artes visuais na EBA UFRJ. Reside no Rio de Janeiro. Contextualiza haver uma disputa de narrativas de memória na nossa região. Arquivos e esculturas e monumentos servem como base para histórias contadas por atores de dos mais diversificados.
Entende a fala sobre a memória como forma, como expressão: “De forma geral, a história oficial é contada por quem está no poder por quem tem um lugar de fala, sempre da elite. Hoje a História e a Memória disputam narrativas. Entendo a fala sobre a memória como forma, como expressão.
Como elemento em que se inscreve a memória mais contundente sobre Volta Redonda, Leandro destaca o monumento do Oscar Niemeyer. Há ali uma série de questões colocadas para inspirar vários pensadores e produtores de Arte e Pesquisa, como ele. Para produção de seu trabalho, Leandro se interessa sobretudo por acervo de objetos ordinários mesas de bar copos fuligem inscrições metálicas reminiscências da cidade industrial.
Produziu o filme “Silvanos” sobre a obra do ator Bernardo Maurício, em 2014, e esse filme está disponível no YouTube. Leandro tem avô ligado a CSN como operário e se sente, como muitos jovens de Volta Redonda hoje, em dívida com a Cidade e sua história e Memória, desejoso de percorrer os rastros, os espectros dessa memória siderúrgica, dessa memória operária. Para tanto, se utiliza como recorte teórico importante a obra do filósofo Derrida.
Discutiu com o grupo de entrevistadores sobre quem seleciona as memórias, quem seleciona e se apropria delas ou as abandona. Apontou, nesse sentido, algumas referências importantes sobre suas articulações em Volta Redonda: o Alexandre da página Volta Redonda Abandonada; o seu assento no conselho de Cultura na cadeira áudio visual, em busca de tentar parcerias que possam fomentar um festival de audiovisual em Volta Redonda tendo em vista a ver um potencial número de colegas atrelados a ideia de produzir imagens em movimento para a cidade
Cita também como referência a cultura do skate, e uma geração muito interessada em falar de cidade, em fazer leituras sobre a cidade, especialmente a figura de Cadu Azevedo, que já produz pequenos documentários sobre essas visões. Fala também da cultura audiovisual de Barra do Piraí, já bastante organizada e, a exemplo dela, a tentativa de organizar eventos que possam fomentar isso em Volta Redonda nesse sentido. As leis de incentivo, para Leandro, seriam fundamentais para fazer isso dar certo.
Discute a questão da representação política, de como seria importante nossos gestores municipais entenderem a importância de incentivar esses eventos que, segundo Leandro, são potentes na cidade. A ideia do festival foi tentada no ano passado e com a pandemia ele se inviabilizou. O Gacemms pede um mínimo necessário de investimentos para realizar o festival. O polo audiovisual tem sido tentado junto ao conselho de cultura e a prefeitura.
As questões da memória são a força do trabalho de Leandro. Ele questiona e argumenta sobre o porquê falar da memória: por que falta a consciência, por que falta culto à memória por que faltam atores interessados, por que é necessário sempre muito esforço para falar disso? Temos como referência a Arigó filmes do Pablo Bedê, super importante resgate que Pablo faz sobre a greve de 1988, que envolveu igrejas, bairros, operários, e que não é uma história conhecida das novas gerações, não se constituindo de memória potente.
Para Leandro, o poder público em Volta Redonda cultua a paisagem da Cidade, não há implicação dentro dessa memória que ele divulga sobre ponto de vista oficial. Reflete sobre uma tentativa de pensar a memória de forma diferente. Constrói a sua narrativa a partir da ideia de que há um passado que assombra o presente e que potencializa uma ideia de futuro e que esse assombro, causado pelo passado, é o que dá realmente significado ao passado e não deve ser evitado, ao contrário, é a partir dele que se deve buscar questões relacionadas ao presente da cidade e as suas perspectivas de futuro.
O Artista Visual, Cineasta, pesquisador se preocupa também com a diversidade das falas hoje, muito mais do que quando ele iniciou o trabalho de pesquisa. Assim, mulheres, negros, homossexuais, são trabalhadores que certamente terão narrativas diferentes sobre essa memória vivenciada na cidade de Volta Redonda. Pensa instruir a sua visão de memória a partir de pequenos objetos (“ordinários”) que carregam memórias.
Mostrou total interesse em compartilhar com as pessoas ligadas à universidade, ligadas à cultura, as suas reflexões. São pautas recentes da Arte e das Artes Visuais onde ele inscreve a questão da cidade a partir de vídeos cinemas fotografia. Busca entender quem conta a história, quem conta e quem traz essa memória. Visibiliza, ilumina essa história, essa memória do passado. Se interessa pelos movimentos sociais e pensa novas práticas possíveis para os movimentos sociais mais difusos, mais diluídos não tão concentrados como a décadas passadas.
Dos trabalhos atuais, Leandro destaca a vídeo-arte, a ideia de fazer vídeos ligados a referências como os filmes desenvolvidos por Tarkovsky (filme Nostalgia) que é um filme inspirador para o Leandro. O artista produziu esse um vídeo arte na praça Juarez Antunes entre o monumento do Dom Valdir e o monumento dos operários mortos. Esse vídeo que se intitula “chamamento” tá no canal do YouTube e é uma performance que ele acabou instruindo coletivamente.
Há também a série fuligem, em que Leandro anota a origem de alguns signos importantes sobre Volta Redonda. Também fez a performance “santinhos” em que ele deixava o rosto do santo para ser ilustrado pela pessoa, como um trabalhador santificado.
Apresentou muitas referências e indicações de busca para a PLATAFORMA, tais como Renan Brandão; cineasta Cadu Azevedo; cineasta Lane Lopes poeta escritora; o Alexandre da VR abandonada; o Ed professor de sociologia que organiza tour pelos monumentos de volta redonda e faz paródias musicais muito interessantes; e o Erasmo, o Pablo bebê e o Guto Souza que fazem também a produção audiovisual.
Diz centrar atenção nesse momento em um novo trabalho chamado “fui a Volta Redonda e me lembrei de você”, realizado por meio de potinhos vazios em que os sujeitos de volta redonda preenchem com a instrução que desejarem sobre a sua memória. Um prazer enorme pelo Leandro entre nós e certamente muitos trabalhos juntos a ele vão surgir.

(Resenha da entrevista realizada por Andréa Auad)

11. DEPOIMENTO DE JOÃO PAULO SILVA BASTOS

Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal Fluminense (2009), Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Urbanismo – PROURB Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e Doutorando Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo PPGAU Universidade Federal Fluminense. Atua como arquiteto consultor no escritório BAA Arquitetura e Uso do Solo e como professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UGB/FERP, na cidade de Volta Redonda – RJ. Tem como interesse de pesquisa os seguintes temas: desenho, morfologia urbana, paisagem, projetos em geral. http://lattes.cnpq.br/0125396844533681

JOÃO PAULO JUNTO AOS PESQUISADORES DA MEMÓRIA VIVA VR

ENCONTRO MARCADO COM JOÃO PAULO BASTOS – 11/11/2022

Em 11 de novembro de 2022 realizou-se a entrevista depoimento com João Paulo Bastos. O Arquiteto e Urbanista João Paulo Bastos é também professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB. Pesquisador desde os tempos da Faculdade (IC, Monitoria), afirmou essa dedicação no mestrado (PROURB UFRJ) e agora com a estrada no doutorado (PPGAU UFF), em curso.
João Paulo relatou que seu interesse pela carreira acadêmica tem início ainda nos tempos da Faculdade, junto ao seu professor de referência na universidade Federal Fluminense, Werther Holzer. Após formado, em 2009, ingressou no mestrado em urbanismo do PROURB-UFRJ na perspectiva de experimentar outra escala universitária, com diferenças claras de suporte de arquitetura e abordagem conceitual de sua graduação. Buscava na UFRJ uma outra experiência, pela lógica do projeto que gostaria de desenvolver: o aporte da cidade e a sua morfologia e também a questão regional.
João Paulo realiza no mestrado uma leitura paisagística/morfológica da conurbação Volta Redonda/Barra Mansa. Morando no Rio de Janeiro à época, havia o desejo de voltar à Terra, rever esse território Ao terminar o mestrado (2012), João Paulo ingressa no Curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB e não cessa suas pesquisas ligadas a paisagem no Vale do Paraíba, especificamente Volta Redonda que é território de seu interesse por se relacionar a sua origem de nascimento.
Sobre Volta Redonda, João Paulo diz ser interessado em saber mais sobre a origem da ocupação territorial: a estação ferroviária; o núcleo Santo Antônio; a leitura sobre Volta Redonda e Barra Mansa especialmente aquilo que se está dirigido no tempo anterior da implantação da Usina, o final século XIX, início do Século XX, em que se percebia o lugar de transporte de carga pelo Rio Paraíba do Sul, a constituição da linha férrea e um mercado vivo, importante. Com relação a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, JP percebe que Volta Redonda vem realizando uma desvinculação gradual. A grande ligação na era Vargas; o projeto do não planejamento de Sávio Gama e a Volta Redonda de Attílio Correa Lima, aspecto pouco privilegiado e pouco explorado.
João Paulo Bastos finaliza no próximo ano seu doutoramento em Arquitetura e Urbanismo pela UFF e centra suas atenções na leitura das “Vilas da Mantiqueira”, incluindo a urbanização de territórios como Resende, Barra Mansa, Volta Redonda, Vassouras e Valença. Cidades também motivadoras do seu projeto de Iniciação Científica. O interesse de João Paulo é saber como que esses lugares, ao admitirem os processos sócio econômicos e culturais de urbanização, apresentam hoje diferenças fundamentais na morfologia e paisagem urbanas.

(Resenha da entrevista realizada por Andréa Auad)

12. DEPOIMENTO DE ANDRÉ LUIZ FARIA COUTO

ANDRE COUTO E OS PESQUISADORES DA MEMORIA VIVA VR

Doutor em História, Política e Bens Culturais pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – FGV, Brasil(2016). Professor de graduação do Centro Universitário de Barra Mansa , Brasil

ENCONTRO MARCADO COM ANDRÉ LUIZ FARIA COUTO – 21 DE OUTUBRO DE 2022
Importante Encontro marcado com o pesquisador André Couto, historiador e especialistas em formulação e publicações culturais que falou aos membros da pesquisa sobre a produção de Verbetes e Resenhas, com suas diferenças e métodos.
O professor André Couto foi convidado pela orientadora Andrea Auad para falar sobre como organizar os depoimentos e as pesquisas específicas sobre os pesquisadores selecionados e seus trabalhos, de forma organizada, consistente e com bastante objetividade.
O que fazer com depoimentos, vídeos, áudios, descrições. Considera-se importante que os próximos depoimentos sejam gravados em vídeo para serem editados e disponibilizados. Os depoimentos coletados até aqui são áudios que podem achar uma plataforma digital para serem divulgados. Sugestões: SoundCloud Spotify áudio cast podcast.
André Couto chama atenção inicialmente para o fato de que para os trabalhos de pesquisa a serem apresentados poderiam ser compostos resenhas, para o trabalho sobre os autores poderiam ser feitos texto de perfil, e para o trabalho sobre as instituições ou sobre alguma objeto específico ou algum tema específico a composição de verbetes se explicaria. André relatou e deu aula para os alunos pesquisadores da Memória Viva VR e para todos os visitantes da página. sinteticamente, ele elucidou:

SOBRE AS RESENHAS
São mais pertinentes quando queremos escrever sobre um produto, um livro, uma tese, uma dissertação, um artigo sobre os quais pode-se desenvolver um texto com o nível de acabamento interessante, conciso, preciso. A comunicação acadêmica se difere da comunicação coloquial pelo nível de acabamento desejado. É um texto informado, é um texto com certa elegância. Parte-se do princípio de que quem lerá ainda não fez a leitura do objeto. Você vai apresentar o texto aos possíveis leitores. Deve estruturar como isso se realizará.

  • O tema
  • As questões que se pretendeu discutir
  • O argumento principal e secundário
  • Poder se guiar pela estrutura do texto os capítulos os títulos e subtítulos
  • Buscar um equilíbrio entre os aspectos revelados atenções tamanhos espaços dados pelo autor dentro do texto
  • O foco não é opinar, mas eventualmente o autor da resenha pode ressaltar aspectos positivos e não tão assertivos do autor do autor do texto.

SOBRE OS VERBETES
São relacionados a alguma pesquisa anterior que dá substantivo ao texto. Não há tanto ineditismo em Verbetes no que o autor do verbete vai escrever sobre pessoas, assuntos ou temas, mas a forma de apresentar o conteúdo pode e deve ser inédita. O desafio aqui neste trabalho me parece é escrever textos sobre assuntos e pessoas sobre as quais ainda nada foi escrito.
Nesse sentido, será sempre importante:

  1.  Identificar do que trata o assunto abordado, logo de início, informando localização, datas, vinculações importantes;
  2. Ir ao encontro do tamanho definido previamente (nesse caso uma ou duas laudas);
  3. Revelar aspectos mais importantes e alguns assuntos secundários que se relacionam ao tema assunto em foco;
  4. Buscar objetividade síntese;
  5. Poderá ser acrescentada alguma análise crítica já realizada sobre o assunto.

SOBRE ARTIGOS CIENTÍFICOS
Sobre os artigos há uma vasta bibliografia e várias discussões sobre sua construção metodológica, mas há alguns apontamentos importantes:

  • Necessário pesquisa prévia consistente e relacionada a um corpo teórico definido;
  • O artigo é um texto que desenvolve um argumento diferente do verbete que é apenas informativo;
  • No artigo busca-se um ineditismo, uma relevância;
  • Na argumentação considerar coisas sobre as questões levantadas algumas respostas aos principais problemas apontados;
  • Os trabalhos científicos têm compromisso com a objetividade e não necessariamente com a verdade, pretendem discutir coisas apontar caminhos de análises de conteúdo principalmente de conteúdos substanciados em pesquisas, Fontes, datas, informações que possam ser checadas encontradas em literatura consistente.

(Resenha da entrevista realizada por Andréa Auad)

13. DEPOIMENTO DE YONE DOS SANTOS RAVAGLIA

Possui graduação em arquitetura pela Fundação Educacional Rosemar Pimentel (1972). Pós-graduação “lato sensu” em Docência do Ensino Superior, iniciado e concluído em 2000 na FERP. Professora do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Geraldo Di Biase desde abril de 1973. Lecionou Desenho para Arquitetura I e II, Plástica, Projeto de Interiores, Instalações Prediais I e II e Projeto de Arquitetura I, II, III e VI. Coordenadora do curso técnico em Design de Interiores e do curso técnico em Paisagismo do PRONATEC de abril/2014 a agosto/2015, foi Supervisora de Estágio do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Geraldo Di Biase até 2022 e é atual Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo no UGB, desde agosto de 2011.

ENCONTRO MARCADO COM YONE RAVAGLIA, EM NOVEMBRO DE 2022, COM VISTAS A SABER MAIS SOBRE A HISTÓRIA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO UGB, QUE SE CONFUNDE COM SUA PRÓPRIA HISTÓRIA PROFISSIONAL.
A Arquiteta e Urbanista Yone dos Santos Ravaglia assumiu a Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB no ano de 2011. Aluna da primeira turma (1968), funcionária há nove quinquênios (1973), propôs em 2013 uma mudança significativa na matriz curricular do curso com o objetivo de ressaltar o que é considerado um diferencial na formação do profissional arquiteto urbanista do UGB|FERP, sua qualidade no ensino projetual, abordando tudo aquilo que projeto arquitetônico engloba e transpassa. Seu depoimento, concedido em novembro de 2022, aos pesquisadores Luis Antônio Lima Neves Junior e Jean Victor de Oliveira, foi substancial para compor a resenha sobre o Curso de Arquitetura e Urbanismo, disponível a seguir.

Faculdade de Arquitetura de Barra do Piraí, 1968-1998
Curso de Arquitetura e Urbanismo
Volta Redonda, 1998-dias atuais

O Curso de Arquitetura e Urbanismo UGB |FERP

Com objetivo de promover a formação de profissionais preparados para lidar com a complexa realidade de se tornarem arquitetos urbanistas em uma sociedade ancorada na inovação científica e tecnológica, atrelada a crescente especialização de diversas áreas do conhecimento relacionadas ao curso de Arquitetura e Urbanismo, o UGB se ancora em corpo docente com experiência no mercado de trabalho e um histórico de tradição na formação de profissionais que são referência na região e fora dela. 
Como se sabe, as contradições do passado que formam nossa história estão diretamente relacionadas às desigualdades sociais que perduram até hoje e, com isso, a Educação se tornou uma ferramenta importante de mitigação dessa desigualdade e de democratização, sentimento traduzido nas palavras do saudoso Reitor Geraldo Di Biase Filho, nos documentos oficiais do Centro Universitário Geraldo Di Biase “Como meu pai e meu irmão, acredito muito no poder transformador da educação e isto se reflete em nosso lema institucional: Compromisso com a transformação social.” 
Com efeito, o direito de acesso à Educação fez com que hoje o curso de Arquitetura e Urbanismo do UGB tenha formado mais de cinquenta turmas e seja referência para a Região Sul Fluminense.Historicamente, quando a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da FERP surgiu, a região Sul do Estado do Rio de Janeiro já possuía notável relevância. Até os anos de 1960, a cidade de Barra do Piraí abrigava o maior entroncamento ferroviário ativo do país; Barra Mansa, a partir de 1937, recebeu importantes empresas como a Nestlé, a Siderúrgica Barbará e a Siderúrgica Barra Mansa, cuja intensa atividade foi associada à origem da siderurgia brasileira e por esse motivo ganhou o apelido de “Manchester Fluminense”. Seguindo essa estruturação, em 1941, Volta Redonda, oitavo distrito de Barra Mansa à época, recebeu a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional e sucessivamente se tornou o cerne do processo de modernização econômica e industrial do Brasil.
Nesse contexto, a vontade do então bacharel em direito e deputado estadual, Geraldo Di Biase, de criar uma instituição de ensino superior no interior da Região Sul Fluminense que atendesse ao seu crescimento, se concretizou com a ajuda da Diocese de Barra do Piraí, que cedeu a Fazenda São José da Boa Vista para as primeiras instalações da Faculdade.
Foi assim que no dia 9 de novembro de 1967 nasceu a Fundação Educacional Rosemar Pimentel, a FERP, nome que faz homenagem a Rosemar Muniz Pimentel, um dos pioneiros na instalação do ensino secundário em Barra do Piraí.
No ano seguinte, em 1968, teve início a primeira turma da Faculdade de Arquitetura[1], localizada no km 11 da Rodovia Benjamin Ielpo que liga Barra do Piraí a Valença, quando inúmeros estudantes do estado do Rio de Janeiro e de outros estados da federação, assim como diversos moradores da região, puderam ingressar no curso que mais obteve adesão na época.
Com o lema “Educar para criar oportunidades”, a FERP possibilitou aos moradores locais, numa época em que cursar uma faculdade era privilégio para apenas cerca de 3% (três por cento) da população brasileira, o acesso a um curso de Arquitetura considerado de qualidade. Prova dessa qualidade foi a visita do renomado arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, em 1973, e seus elogios registrados às instalações, ao currículo do curso, ao corpo docente e, principalmente, ao elevado nível dos estudantes da faculdade.
Mesmo passando por momentos difíceis da história do país, como o auge da ditadura militar, a grave crise econômica no começo dos anos 1980 e o processo de redemocratização, a Faculdade de Arquitetura de Barra do Piraí se consolidou no interior do estado do Rio de Janeiro formando diversas turmas.
Em 1998, após sua mudança estratégica para Volta Redonda, cidade que mais se desenvolvia na região, passou a se chamar Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Volta Redonda. A Faculdade ganhou, então, um novo local, o Bloco I, no campus da FERP em Volta Redonda, no bairro Aterrado, local onde a Fundação Educacional Rosemar Pimentel já investia recursos desde a década de 1970 e que até hoje abriga o curso. Essa mudança trouxe uma nova dinâmica à instituição, tanto pelas novas instalações localizadas num centro urbano em desenvolvimento, como pelas adequações internas realizadas para que o curso mantivesse a qualidade de que sempre se orgulhará.
No início da década de 2000, a FERP administrava além da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, mais outras quatro faculdades distribuídas em três campis nos municípios de Volta Redonda, Barra do Piraí e Nova Iguaçu. As então Faculdades Unificadas, mantidas pela FERP, foram elevadas à condição de Faculdades Integradas[2] e, posteriormente, em 2003, após aprovação do Ministério da Educação, passou a denominar-se Faculdades Integradas Geraldo Di Biase (FGB), em homenagem a seu idealizador e fundador Geraldo Di Biase, por seu pioneirismo e compromisso com a educação superior da região.
Em 2005, a FERP, através de sua constante busca pelo desenvolvimento educacional, recebeu o credenciamento do MEC para se transformar no atual Centro Universitário Geraldo Di Biase[3] e o curso de Arquitetura e Urbanismo, afirmou Yone dos Santos Ravaglia, atual coordenadora, se tornou exemplo dessa dedicação através do seu legado institucional e compromisso com a formação de profissionais qualificados:
“Desde o início, com a Faculdade de Arquitetura de Barra do Piraí, o Curso de Arquitetura sempre buscou alinhar sua qualidade de ensino com as demandas do mercado, vanguardista por criação, o curso está em constante evolução para formar profissionais completos.”
Coordenadora do Curso desde 2011, Yone Ravaglia propôs em 2013 uma mudança significativa na matriz curricular com o objetivo de ressaltar o que é considerado um diferencial na formação do profissional arquiteto urbanista da UGB: sua qualidade no ensino projetual, abordando tudo aquilo o que ao projeto arquitetônico engloba e transpassa.
Além da assertiva matriz, o curso hoje vai além da sua abordagem inicial, com incentivo do Centro Universitário à pesquisa acadêmico-científica, referendado na implantação do Programa de Iniciação Científica – PIC, crescente a cada ano e que hoje se constitui como um dos programas mais relevantes da instituição, resultando em premiações em eventos nacionais da área.
Destacam-se também os projetos de Extensão e Pós-Graduação implementados institucionalmente, com contribuição expressiva do Curso de Arquitetura e Urbanismo, ao longo dos últimos anos. Importante destacar que o UGB também é parte do Fórum Estratégico de Ensino Superior de Volta Redonda junto com outras universidades e centro universitários públicos e privados, afirmando a força do ensino nessa região e a qualidade dos profissionais por elas formados.
Em 2018, o UGB|FERP e o Curso se Arquitetura e Urbanismo completaram 50 anos de existência, um marco nessa trajetória de sucesso que foi comemorado com orgulho por toda a instituição, alunos, ex-alunos e colaboradores. Sobre isso, Yone Ravaglia destaca, com muito orgulho:
Tradição e qualidade marcam o UGB|FERP e o seu Curso de Arquitetura e Urbanismo, que resistem na criação de oportunidades de acesso ao ensino superior, fazendo com que sua qualidade seja sempre reconhecida, assim como sua tradição. Deste modo se afirma um curso que fez e faz história, que tem o poder de impactar uma sociedade e suas gerações, e que pretende manter estes nobres ideais vivos enquanto o sonho de seu fundador também viver e, nesse sentido, não coincidentemente, há quem diga que bons sonhos nunca morrem.”
Resenha realizada pelo iniciante científico Luis Antônio Lima Neves Junior, publicada no website http://arquitetura.ugb.edu.br/.
[1] Parecer do Conselho Estadual de Educação nº 712/68.
[2] Parecer CNE/CES nº 549/2000 e Portaria MEC nº 958/2000.
[3] CNE/CES nº 147/2005.


Referências
NEVES JR, Luís Antônio Lima; CAMPOS, Jean Victor De Oliveira. Entrevista com Yone dos Santos Ravaglia: A vida e a instituição. Volta Redonda, Novembro de 2022.
ALCANTARA, Elisa Ferreira Silva De; SOARES, Paulo Célio. Livro: UGB/FERP: 50 ANOS FAZENDO HISTÓRIA NA SUA VIDA. Volta Redonda: FERP, 2017.
NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO UGB-FERP. Participação do primeiro encontro do Fórum Estratégico de Ensino Superior, 2018. Disponível em: http://www2.ugb.edu.br/noticias/ugb-ferp-participa-do-primeiro-encontro-do-forum-estrategico-de-ensino-superior-. Acesso em: 14 nov. 2022.
Site UGB, Graduação. Arquitetura e Urbanismo, 2018. Disponível em: http://www2.ugb.edu.br/graduacao/arquitetura-e-urbanismo-vr. Acesso em: 11 Nov. 2022.
RAVAGLIA, Yone Dos Santos. Histórico Das Turmas De Arquitetura e Urbanismo: FERP. Volta Redonda, 2021.

14. DEPOIMENTO DA ARQUITETA CLAUDIA CIRINO SAMPAIO

Acervo de Tombamentos Históricos de Volta Redonda ENDEREÇO ELETRÔNICO: http://www2.voltaredonda.rj.gov.br/ippu/
TELEFONE: (24) 3337-9272
INSTITUIÇÃO DE VÍNCULO: IPPU-VR – 2021
QUAL SUA RELAÇÃO COM A HISTÓRIA E A MEMÓRIA URBANA EM VOLTA REDONDA E NO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE? QUE ASPECTOS DESSE TRABALHO PODEM SER RELACIONADOS À PRODUÇÃO DA CIDADE(S)?
O nosso acervo conta a história da criação do município de Volta Redonda, através de fotos e mapas desde os idos de 1820. Neste período a pecuária e a agricultura eram o que dominavam economicamente a região até meados do século XX. A partir da II Guerra Mundial, com o Brasil se posicionando ao lado dos aliados, em troca de favores americanos, entre os quais a construção da maior siderúrgica da América Latina, em área estratégica, determinada pela sua localização geográfica. Com a emancipação do então chamado 8º distrito de Barra Mansa e a criação da cidade propriamente dita, coloca a cidade e a siderúrgica numa parceria aparentemente indissolúvel. Tudo isso ilustrado através de fotos (em grande parte disponibilizada pela CSN), numa história meio heroica e pitoresca da criação de uma cidade com capital estrangeiro, território fluminense e mão de obra mineira.
QUAIS OS PRINCIPAIS ELEMENTOS (TEXTOS, FOTOS, ILUSTRAÇÕES, PLANTAS, VÍDEOS, DEPOIMENTOS) CONSTITUTIVOS DESSA PRODUÇÃO PODEM SER MOTIVO DE ATENÇÃO DE PESQUISADORES E INTERESSADOS EM SABER SOBRE A HISTÓRIA E A MEMÓRIA DE CONSTRUÇÃO DA CIDADE?
As fotos (na sua grande maioria) foram disponibilizadas pela CSN, estão sendo escaneadas no IPPU e uma grande parte já se encontra na secretaria de cultura. Plantas e textos também estão disponíveis na secretaria de cultura/biblioteca municipal Raul de Leoni e no IPPU-VR (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Volta Redonda). O google também está repleto de informações e referencias que podem enriquecer demais o trabalho.
AS INFORMAÇÕES EXISTENTES PODEM SER DIVULGADAS TOTAL OU PARCIALMENTE PARA PESQUISADORES EM MEIO DIGITAL? QUAIS OS LIMITADORES DESSA DIVULGAÇÃO? HÁ ENDEREÇOS E FONTES A SEREM INDICADOS?
Todas as informações podem ser divulgadas, inclusive as fotos que já caíram em domínio público. Quanto as fontes, eu procuro citar a título de informação, mas isso fica a critério de cada um.
COMO IMAGINA PODER CONTRIBUIR COM UM DEBATE SISTEMATIZADO NA PLATAFORMA DIGITAL PROPOSTA (MEMÓRIA VIVA), QUE PRIVILEGIE SABER DA HISTÓRIA E QUALIFICAR A MEMÓRIA URBANA PARA MUITO MAIS GENTE NOS TEMPOS PRESENTE E FUTURO?
Contribuições em plataformas, só através da DTI (Diretoria de Tecnologia e Informação) do IPPU-VR.
HÁ ATORES E INSTITUIÇÕES QUE PODERIA INDICAR PARA COMPOR NOSSO LISTA INDEXADA DE FONTES E OBJETOS DE PESQUISA?
Volta Redonda na era Vargas (1941-1964) História Social. De Waldir Bedê. Savio Gama (fotos que contam a sua história). De Maria Cecilia Gama. Volta Redonda quem te viu quem te vê (1903/2003) – Chaminé do antigo engenho de açúcar 100 anos. De Leonor Barreira Cravo. Volta Redonda: A campanha emancipacionista. De J.B. de Athayde. Volta Redonda através de 220 anos de história. De J.B. de Athayde. Volta Redonda a cidade do aço. De J.B. de Athayde. Volta Redonda do café e do leite (140 anos de história). Roberto Guião de Souza Lima MOMO.VR (A inscrição do movimento modernista no patrimônio urbanístico e arquitetônico de Volta Redonda). De Andrea Auad Moreira. Moradia Operária (permanência e contribuição a morfologia urbana em Volta Redonda). De Paulo Gustavo Pereira Bastos Volta Redonda ontem e hoje. De Alkindar Costa Jornais “O lingote”.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES QUE LIGAM A INSTITUIÇÃO À PESQUISA DE CONTEÚDO DA PLATAFORMA MEMÓRIA VIVA?
A característica mais importante para mim, é ler muito. Hoje mesmo, lendo um texto na internet do diário do vale de 19/04/2015, acabei por descobrir uma nova teoria sobre a escolha do sítio em que a siderúrgica foi montada. Sempre aparecem novos dados e informações de antigos moradores, ou seja, fica a dica, leiam muito.
PESQUISA E RESENHA: Pedro Henrique Ferreira Alves, 2021