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VOLTA REDONDA

Plano para Vila Operária de Volta Redonda
FONTE: PMVR. Acesso: 2012.

“A cidade de Volta Redonda deve-se a um projeto estratégico de desenvolvimento urbano e industrial pensado para o Brasil na década de 1940. Marco fundador da indústria de base do país, a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional em território fluminense determinou para Volta Redonda, nesse momento ainda o 8ª distrito de Barra Mansa, uma destinação moderna, estabelecendo um novo paradigma de ocupação e de produção do espaço urbano.

Volta Redonda, entendida aqui já como distrito sede da Companhia Siderúrgica Nacional, tem com o projeto e implantação da Vila Operária, projetada pelo Arquiteto e Urbanista Attílio Correa Lima, a inscrição deste espírito, que pode ser lido como modelar em nível nacional. Constitui-se, desde os primórdios dessa implantação, de estruturas simbólicas da Cidade Moderna: novo desenho para ruas e edifícios, zonas de ocupação definidas, hierarquização viária e infraestrutura projetada.

Attílio Corrêa Lima, autor de vários projetos urbanísticos à época, foi um expoente e um dos precursores do moderno urbanismo brasileiro, trabalhando intensamente durante
o primeiro governo Vargas. No plano para a construção da Vila Operária de Volta Redonda, ligado essencialmente à construção da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, aliam-se dois grandes projetos da ditadura Vargas (Estado Novo 1937-1945): a expansão territorial emblemática e a implantação da indústria de base brasileira, que representaria a autonomia e
a expansão econômica da nação.

O projeto para Volta Redonda, como analisa LOPES (1993), seria mais que uma unidade industrial, seria o “estandarte síntese do projeto nacional de Vargas”, a maior unidade
industrial do país. Ao projeto seriam atribuídos códigos simbólicos, capazes de identificá-lo como síntese do que deveria ser o Brasil novo. Volta Redonda, nos pronunciamentos do presidente Vargas, seria um exemplo a ser seguido:

“Um marco da nossa civilização, um monumento a atestar a capacidade da nossa gente, um exemplo com tal poder de evidência que afastará quaisquer dúvidas e apreensões sobre o futuro, instituindo no país um novo padrão de vida e uma nova mentalidade” (MOREL,1989, p.48)

Volta Redonda, desde o seu plano original, passou por inúmeros outros planos ordenadores que, se não foram integralmente bem sucedidos em suas premissas, marcaram profundamente o perfil de cidade possuidora de certa cultura de planejamento, o que a diferencia em muito no âmbito regional.

Para Volta Redonda, Attílio Corrêa Lima define, no plano de 1941, um espaço urbano que tem na circulação viária e nas indicações de uso hierarquizadas as marcas urbanísticas hegemônicas da primeira metade do século XX, que se traduzem nas bases de uma ocupação territorial racionalista e moderna. Assim, ao contrário do modelo de ocupação implementado nos espaços urbanos vizinhos de Barra Mansa, Resende e Barra do Piraí, Volta Redonda recebe o processo industrial de forma planejada e articulada a nível local, o que facilitou as intervenções urbanísticas à época de sua fundação e, ainda hoje, contribui para a formulação de novas propostas e orientações para a cidade, marcada pelo sentido de inovação, modernização e superação, traços que inscreveram seu caráter como cidade.”

Fonte:
Moreira, Andréa Auad. A Inscrição do Movimento Moderno no Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico em Volta Redonda – Volta Redonda / RJ: FERP, 2014, P. 226; il; 15 cm. (capítulo II)